O
povo brasileiro ainda nem se refez do maior vexame em cem anos do
futebol brasileiro, e eis que ressurge Dilma Rousseff, no noticiário, a
dar uma opinião: segundo ela mesma, o povo brasileiro deveria lhe dar um
segundo mandato. A afirmação foi feita em entrevista à TV Al Jazeera,
do Catar, aquela emissora que pertence a um tirano influente e que
costuma sair por aí insuflando revoltas árabes — menos no Catar, é
claro, que, de resto, financia extremistas mundo afora. Mas sigamos.
Disse a governanta: “Eu
acredito que o povo brasileiro deve me dar oportunidade de um novo
período de governo pelo fato de que nós fazemos parte de um projeto que
transformou o Brasil”. E prosseguiu: “O
Brasil tinha 54% de sua população entre pobres e miseráveis em 2002.
Hoje, todos aqueles que vivem na classe C para cima representam 75%,
três em cada quatro brasileiros. Nós transformamos a vida dessas
pessoas. O Brasil mudou de perfil e foi feito isso com a democracia
vigente”.
Por esse
especioso raciocínio de Dilma, o Plano Real, por exemplo, que pôs fim à
hiperinflação não mudou o Brasil — o mesmo Plano Real contra o qual o PT
lutou bravamente. Mais do que isso: recorreu ao Supremo contra ele e
também contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. Quanto a essa tal classe
C, já passou da hora de desmistificar essa falácia.
O
oficialismo inventou a tal nova classe média. Segundo a SAE (Secretaria
de Assuntos Estratégicos), são as famílias com renda per capita,
atenção!, entre R$ 300 e R$ 1.000. Um casal cujo marido ganhe o salário
mínimo (R$ 724) — na hipótese de a mulher não ter emprego — já é “classe
média” — no caso, baixa classe média (com renda entre R$ 300 e R$ 440).
Se ela também trabalhar, recebendo igualmente o mínimo, aí os dois já
saltarão, acreditem, para o que a SAE considera “alta classe média”
(renda per capita entre R$ 640 e R$ 1.020). Contem-me aqui, leitores,
como vive e onde mora que tem renda per capita de R$ 640! O aluguel de
um único cômodo na periferia mais precária não sai por menos de R$ 250…
Segundo a SAE, renda per capita acima de R$ 1.020 já define classe alta.
Na minha casa, somos da classe alta os que aqui moramos e a nossa
empregada, além de todos os porteiros do prédio.
Desde que
chegou ao poder, o PT vem se dedicando, já escrevi aqui, com a preciosa
colaboração teórica dos chamados “economistas da pobreza”, a criar a
classe média por decreto e a erradicar a miséria por decreto. Dilma está
a um passo de declarar o Brasil um país “sem miseráveis”. Está por um
triz. E como isso foi feito? Inventou-se a existência de milhões de
pessoas que estariam na “pobreza extrema”, as famílias com renda per
capita de até R$ 70 mensais — R$ 2,33 por dia. Caso se faça um
levantamento a sério, vai-se constatar que essas pessoas até podem
existir no campo (e olhem lá!) — na cidade, não! Na zona rural, acabam
sobrevivendo porque, ainda que precariamente, produzem parte do que
comem. Nas cidades, fazendo bico aqui e ali, a renda é maior do que
isso. Muito maior! Mesmo a daqueles oficialmente listados entre os
extremamente miseráveis. Os pobres desgraçados do crack, que já estão
sem casa, sem calçado, quase sem roupa, têm renda superior a R$ 2,33 por
dia. Sabem por quê? Cada pedra custa de R$ 5 a R$ 10! O que estou
dizendo é que existe uma economia informal que eleva essa renda. A
propósito: se formos considerar o número de pedras consumidas nas
cracolândias da vida e o que isso significa em termos de renda, vamos
concluir que aquela gente que vaga como zumbi pelas ruas compõe a classe
média alta, segundo o oficialismo. É uma piada!
Maluquice
A presidente entrou numa espécie de surto megalômano. Ela reconhece as dificuldades econômicas do país e afirma: “Temos tomado todas as medidas para entrar em um novo ciclo. Temos que melhorar a produtividade da economia brasileira. Nós estamos numa fase de baixa de ciclo econômico, mas sabemos que vamos entrar em outra fase do ciclo. Estamos nos preparando para melhorar a competitividade do país, aumentar as condições pelas quais nós vamos poder enfrentar essa nova etapa. Se não entrar para o resto do mundo [fase econômica], eu lhe asseguro que entra para o Brasil”.
A presidente entrou numa espécie de surto megalômano. Ela reconhece as dificuldades econômicas do país e afirma: “Temos tomado todas as medidas para entrar em um novo ciclo. Temos que melhorar a produtividade da economia brasileira. Nós estamos numa fase de baixa de ciclo econômico, mas sabemos que vamos entrar em outra fase do ciclo. Estamos nos preparando para melhorar a competitividade do país, aumentar as condições pelas quais nós vamos poder enfrentar essa nova etapa. Se não entrar para o resto do mundo [fase econômica], eu lhe asseguro que entra para o Brasil”.
Heeeinnn?
A
presidente inventou o Brasil como uma ilha. Há uma boa possibilidade de o
país crescer menos de 1% neste 2014, e a nossa soberana, ora vejam, diz
que, se o resto do mundo não seguir o nosso país, iremos sozinhos. É
patético!
Como se fosse uma candidata da oposição, afirma: “O
Brasil é um país que tem demorado muito para modernizar seu Estado. Nós
precisamos de um pais sem burocracia, de um Estado mais amigável tanto
para os cidadãos quanto para os empresários, empreendedores e
trabalhadores”.
É mesmo? O
PT está no poder há 12 anos. A última iniciativa da soberana para
modernizar o estado foi fazer um decreto que entrega a gestão da coisa
pública a conselhos populares. Tenham paciência!
fonte:http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/entrevista-de-dilma-a-al-jazeera-pode-indicar-um-principio-de-rompimento-da-presidente-com-a-realidade-preocupante/#.U8RkYAJu_zo.facebook
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